Os idosos e o Mal de Alzheimer

Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

A origem do termo “Mal de Alzheimer” deu-se em 1901, quando Dr. Alzheimer iniciou o acompanhamento do caso da Sra. August D., admitida em seu hospital. Em novembro de 1906, durante o 37° Congresso do Sudoeste da Alemanha de Psiquiatria, na cidade de Tubingen, Dr. Alois Alzheimer faz sua conferência, com o título “SOBRE UMA ENFERMIDADE ESPECÍFICA DO CÓRTEX CEREBRAL”. Relata o caso de sua paciete, August D., e o define como uma patologia neurológica, não reconhecida, que cursa com demência, destacando os sintomas de déficit de memória, de alterações de comportamento e de incapacidade para as atividades rotineiras. Relatou também, mais tarde, os achados de anatomia patológica desta enfermidade, que seriam as placas senis e os novelos neurofibrilares. Dr. Emil Kraepelin, na edição de 1910 de seu “Manual de Psiquiatria”, descreveu os achados de Dr. Alzheimer, cunhando esta patologia com seu nome, sem saber da importância que esta doença teria no futuro.

Dr. Alois foi acometido de uma grave infecção cardíaca (endocardite bacteriana) em 1913. Seguiu enfermo por dois anos, quando no dia 19 de dezembro de 1915 veio a falecer de insuficiência cardíaca e falência renal, na cidade de Breslau, Alemanha.

O que é Doença de Alzheimer e como se manifesta?

A Doença de Alzheimer, também conhecida como demência senil tipo Alzheimer, é a mais comum patologia que cursa com demência. E o que vem a ser demência? Popularmente, conhecida como esclerose ou caduquice, a demência apresenta como características principais: problemas de memória, perdas de habilidades motoras (vestir-se, cozinhar, dirigir, lidar com dinheiro…), problemas de comportamento e confusão mental.

Quando falamos que as demências estão constituindo um sério problema de saúde pública em todo o mundo, temos que mostrar em números o que isto representa. Hoje temos, no mundo, 18 milhões de idosos com demência, sendo 61% deles em países do terceiro mundo. Daqui a 25 anos terão 34 milhões de idosos nesta situação e a grande maioria (71%), nos países mais pobres! No Brasil, temos atualmente 1,2 milhões de idosos, aproximadamente, com algum grau de demência.

Existem várias teorias que procuram explicar a causa da doença de Alzheimer, mas nenhuma delas está provada.

Destacamos:

1 – IDADE: quanto mais avançada a idade, maior a porcentagem de idosos com demência. Aos 65 anos, a cifra é de 2-3% dos idosos, chegando à 40%, quando se chega acima de 85-90 anos!

2 – IDADE MATERNA: filhos que nasceram de mães com mais de 40 anos, podem ter mais tendência à problemas demenciais na terceira idade.
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3 – HERANÇA GENÉTICA: já se aceita, mais concretamente, que seja uma doença geneticamente determinada, não necessariamente hereditária (transmissão entre familiares).

4 – TRAUMATISMO CRANIANO: nota-se que idosos que sofreram traumatismos cranianos mais sérios, podem futuramente desenvolver demência. Não está provado.

5 – ESCOLARIDADE: talvez, uma das razões do grande crescimento das demências, nos países mais pobres. O nível de escolaridade pode influir na tendência a ter Alzheimer.

6 – TEORIA TÓXICA: principalmente pela contaminação pelo alumínio. Nada provado.

Quais sãos os sintomas?

No começo são os pequenos esquecimentos, normalmente aceito pelos familiares como parte normal do envelhecimento, mas que vão agravando-se gradualmente. Os idosos tornam-se confusos, e por vezes, ficam agressivos, passam a apresentar distúrbios de comportamento e terminam por não reconhecer os próprios familiares.

À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais dependentes dos familiares e cuidadores, quando precisam de ajuda para se locomover, têm dificuldades para se comunicarem, e passam a necessitar de supervisão integral para suas atividades comuns de vida diária (AVD), até mesmo as mais elementares, tais como alimentação, higiene, vestir-se…

Reconhecemos três fases na evolução da doença de Alzheimer, onde os idosos manifestam determinadas características comuns:

FASE INICIAL

  • Distração
  • Dificuldade de lembrar nomes e palavras
  • Esquecimento crescente
  • Dificuldade para aprender novas informações
  • Desorientação em ambientes familiares
  • Lapsos pequenos, mas nao característicos de julgamento e comportamento
  • Reduçao das atividades sociais dentro e fora de casa

FASE INTERMEDIÁRIA

  • Perda marcante da memória e da atividade cognitiva
  • Deterioraçao das habilidades verbais, diminuição do conteúdo e da variação da fala
  • Apresenta mais alterações de comportamento: Frustração, Impaciência, Inquietação, Agressão verbal e física
  • Alucinações e delírios
  • Incapacidade para convívio social autônomo
  • Perde-se com facilidade, tendência a fugir ou perambular pela casa
  • Inicia perda do controle da bexiga

FASE AVAN�ADA

  • A fala torna-se monossilábica e, mais tarde, desaparece
  • Continua delirando
  • Transtornos emocionais e de comportamento
  • Perda do controle da bexiga e do intestino
  • Piora da marcha, tendendo a ficar mais assentado ou no leito
  • Enrigecimento das articulações
  • Dificuldade para engolir alimentos, evoluindo para uso de sonda enteral ou gastrostomia (sonda do estômago)
  • Morte

Como é feito o diagnóstico?

Não há um teste específico que estabeleça de modos inquestionável a doença de Alzheimer. O diagnóstico de certeza só e feito através de exame patológico (biópsia do tecido cerebral), conduta não realizada quando o idoso está vivo.

Desse modo, o diagnóstico de provável Demência tipo Alzheimer é feito excluindo outras patologias que podem evoluir também com quadros demenciais, tais como:

– Doenças da Tireóide
– Acidentes Vasculares Cerebrais
– Hipovitaminoses
– Hidrocefalia
– Efeitos colaterais de medicamentos
– Depressão
– Desidratação
– Tumores Cerebrais, entre outros

Temos atualmente um teste denominado avaliação neuro-psicológica, que pode mapear os vários aspectos da mente humana, em busca de possíveis pistas de alterações cognitivas (memória), de comportamento e de dificuldades em atuação nos vários aspectos do dia-a-dia (cuidar de finanças, gerenciar a vida e a sua casa, relacionar com parentes e amigos, depressão…). Um dos testes mais comuns é chamado de mini-exame do estado mental, que é relativamente fácil de ser executado e não cansa o idoso.

Mini Exame do Estado Mental

  • Orientação temporal (0-5): ANO – ESTAÇÃO – MÊS – DIA – DIA DA SEMANA
  • Orientação espacial (0-5): ESTADO – RUA – CIDADE – LOCAL – ANDAR
  • Registro (0-3): nomear: PENTE – RUA – CANETA
  • Cálculo- tirar 7 (0-5): 100-93-86-79-65
  • Evocação (0-3): três palavras anteriores: PENTE – RUA – CANETA
  • Linguagem 1 (0-2): nomear um RELÓGIO e uma CANETA
  • Linguagem 2 (0-1): repetir: NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ
  • Linguagem 3 (0-3): siga o comando: Pegue o papel com a mão direita, dobre-o ao meio, coloque-o em cima da mesa.
  • Linguagem 4 (0-1): ler e obedecer: FECHE OS OLHOS
  • Linguagem 5 (0-1): escreva uma frase completa

Como é feito o Tratamento?

É dividido em duas frentes de tratamento:

1 – Tratamento dos distúrbios de comportamento: para controlar a confusão, a agressividade e a depressão, muito comuns nos idosos com demência. Algumas vezes, só com remédio do tipo calmante e neurolépticos (haldol, neozine, neuleptil, risperidona, melleril,entre outros) pode ser difícil controlar. Assim, temos outros recursos não medicamentosos, para haver um melhor controle da situação. Um dos melhores recursos são as dicas descritas neste manual (Manual do Cuidador – CONVIVENDO COM ALZHEIMER), onde mostramos como agir perante aos mais diferentes tipos de comportamento que o idoso ter, no período da agitação.

2 – Tratamento específico: dirigido para tentar melhorar o déficit de memória, corrigindo o desequilíbrio químico do cérebro. Drogas como a rivastigmina (Exelon), tacrina (Tacrinal), donepezil (Eranz), galantamina (Reminyl), entre outras, podem funcionar melhor no início da doença, porém seu efeito pode ser temporário, pois a doença de Alzheimer continua, infelizmente, progredindo. Estas drogas possuem efeitos colaterais (primcipalmente gástrico) que podem inviabilizar o seu uso. Também, somente uma parcela dos idosos melhoram efetivamente com o usos desteas drogas chamadas anticolinesterásicos, ou seja, não resolve em todos os idosos demenciados.

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, respondendo por mais de 60% delas. Não se sabe ainda a causa ou as causas, não se tem ainda um exame de laboratório ou de imagem que possa dar o diagnóstico, ou mesmo que faça uma previsão mais acertada que a pessoa possa ter no futuro uma maior tendência para evoluir para uma demência. Não temos ainda um tratamento curativo ou que reduza a progressão desta doença, muito menos vacinas ou qualquer outro tipo de terapêutica que previna. O que temos são medicamentos que podem melhorar um pouco a memória e o comportamento, o que já é um alento e uma esperança de tratamento.